A R$ 80 o casal, é possível participar do vuco-vuco junino no Espaço Liberdade, que fica em um sítio discreto na localidade, conhecida pelas belezas paradisíacas e por ser a única praia destinada à prática de naturismo na Bahia. Uma banda de forró pé de serra vai animar a noite até o sol raiar. “Já temos 40 casais confirmados. Estou recebendo ligações de todo o país. Peço que as reservas sejam antecipadas o máximo possível”, anuncia David Andrade, idealizador do evento. Pelo visto, a coisa vai pegar fogo!
Mas, calma. Não é porque o forrobodó vai comer no centro que o evento é “all inclusive”. Ninguém deve se acasalar na frente dos outros. Se a coisa esquentar no salão, os mais exaltados podem ser convidados a deixar o local. O Forró Nu tem regras. Além de proibir crianças e permitir apenas casais, tem como base o código de ética do naturismo, espalhado pela praia de Massarandupió e também nos estabelecimentos da localidade.
David esclarece que, apesar de ser para casais, o evento é direcionado também para o público do naturismo. Os frequentadores devem ‘prezar pelo respeito e bom senso’. “O Forró Nu é um evento que segue o código de ética, que não permite o sexo em público. As pessoas me perguntam se é um evento liberal. Liberal é relativo. Certamente vamos receber casais liberais também. O que posso dizer é que o respeito estará acima de tudo”, garante David.
Mas a polêmica é muito maior. A realização do Forró Nu trouxe novamente à tona uma discussão antiga que, recentemente, virou motivo de batalha na localidade. De um lado os naturistas tradicionais que são contra a realização desse tipo de festa e acusam as pousadas de promoverem eventos de suingue que incentivariam a prática do sexo. Do outro lado, os estabelecimentos admitem que seu público se mistura entre naturistas e praticantes do suingue, mas dizem que são expressamente contra o sexo em público.
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
Já a Associação Baiana de Naturismo (Abanat), cujo presidente é um dos fundadores da praia de Massarandupió, não vê problemas com a festa. “Basta distinguir o que é naturismo e o que é festa liberal. Pela propaganda lançada por eles eu não vejo problema. Tem pessoas que são casais liberais. Cada um sabe o que quer e o que faz. Se for bom para as pousadas, ótimo”, opinou Miguel Gama.
Forró do Encanto é para casais; fantasia é obrigatória (Foto: Reprodução) |
E os moradores? Estes estão divididos. Há os que não veem qualquer problema no Forró Nu. Outros acham um desrespeito à comunidade. Luciano Pereira, presidente da Associação de Moradores de Massarandupió, não gostaria de ver o nome da localidade atrelada ao Forró Nu. “Sou contra à forma de divulgação do Forró Nu. Ele não deveria envolver o nome de Massarandupió. O que ele está anunciando como 'Forró Nu de Massarandupió' é uma festa privada”, argumenta Luciano.
MP quer aumentar fiscalização do Forró Nu
Além de intermediar as discussões sobre a elaboração do projeto de lei que estabelece regras de convivência na praia de naturismo, o Ministério Público alertou a prefeitura de Entre Rios sobre a necessidade de intensificar a fiscalização do Forró Nu.
“O que sabemos é que parte da comunidade não está muito satisfeita com o Forró Nu. Então a prefeitura tem que exigir as garantias sanitárias, de segurança e de acesso restrito do público” diz o promotor Paulo César de Azevedo. “Se for um lugar aberto, pode constranger a comunidade”, acredita ele.
“Eu vi também que o espaço dele não é fechado, não é murado. Para ele fazer um forró desse, teria que murar o espaço e fazer uma coisa fechada. E divulgar para o grupo dele no watts app ou site”, defende Luciano Pereira, presidente da Associação de Moradores. A prefeitura, por sua vez, garantiu que o evento só será realizado se o local for devidamente cercado, sem que as pessoas que estiverem do lado de fora consigam enxergar o “esfrega-esfrega” nu.
“Se o lugar for aberto, isso vai ser um empecilho para a realização do evento. Tem que ser um lugar restrito. O Espaço Liberdade nos fez uma solicitação. vamos avaliar”, avisa Brígido Neto, procurador do município. “Se a festa for restrita e a documentação estiver ok, será liberada”.
“Nós vamos fechar toda a área, cercar com palhas. Ninguém de fora vai enxergar”, assegurou David, que se diz calejado com a situação. No ano passado, enfrentou alguns problemas para realizar o evento. Chegou a ser chamado na delegacia e prestou esclarecimentos. “Ano passado o delegado me intimou e eu fui esclarecer. Eu disse: ‘se for ilegal, proíba!’. Mas tava tudo certo. Fiz meu evento e foi um sucesso”.
(Foto: Evandro Veiga/CORREIO) |
Do Correio
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